Quando eu me inscrevi no Jintership, eu além de estar indo em busca de um sonho, de passar algum tempo em Israel, eu estava procurando por algo que eu não tinha muita certeza do que era. Eu sabia que precisava mudar, e sair um pouco da minha realidade. Mas não fazia ideia da dimensão que essa mudança teria na minha vida.

Vindo de uma cidade com uma comunidade judaica pequena, e sem muito contato com a religião, a ideia de morar em uma midrasha me assustava um pouco, dúvidas sobre se eu me encaixaria, ou se conseguiria viver por 2 meses de um jeito que, no meu imaginário, era totalmente diferente do meu estilo de vida se misturavam com a empolgação e a felicidade no período pré viagem. Todas as dúvidas e preocupações foram dissipadas logo na primeira semana.

Para minha surpresa, na Shaarei, eu encontrei muito mais do que eu estava procurando. Reencontrei uma parte de mim ao me reconectar com a minha religião, encontrei pessoas que mesmo nas adversidades fizeram de tudo para me ajudar, e que me acolheram como se eu fosse da família.

O estágio, no Hospital Hadassa, foi com certeza uma experiência incrível, e única. Que vai ser lembrado para sempre, pelos conhecimentos obtidos e pela oportunidade de aprender em um hospital referência no mundo, com o atual chefe do departamento de Cardiologia. Mas, a vivência na midrasha, o conhecimento trocado ali dentro, e o carinho com que somos tratadas, fez toda a diferença para o meu tempo em Israel ter me trazido tantas coisas positivas, e me proporcionado achar aquilo que eu procurava e não sabia o que era: a minha própria identidade, como pessoa, e como judia.

Inicialmente, quando fui convidado pra participar pelo programa, acho que como quase todo mundo (pelo Facebook) fiquei com um baita “pé atrás”. Eu vi a possibilidade de ir pra Israel, fazer um estágio na minha área de formação por um preço muito, mas muito barato mesmo, e não conseguia raciocinar que aquilo realmente era verdade e possível de existir.

Depois de muitas conversas com o pessoal da Shaarei, que é quem faz o intermédio inicial, entre as pessoas do Brasil e o pessoal da Onward (os responsáveis pelo programa), acabei topando participar, sem ter muita certeza sobre o que iria acontecer, mas como eu havia me formado a pouco tempo, e ainda não estava na minha área de formação, foi uma grande chance de aprender um pouco mais, tanto sobre a minha área, experiência de trabalho internacional e também sobre o judaísmo.

Antes de ir para Israel, já em contato com o pessoal da Onward, foram feitas entrevistas, essas em inglês (também poderia ser em hebraico para quem sabe fluente). A primeira com um responsável para verificar a área do estágio e as possibilidades de empresas que existiam. A segunda é feita por vídeo (pelo Skype) já com o presidente da empresa que você deseja fazer seu estágio. Passando pelas entrevistas, é a hora de arrumar suas coisas e partir pra terrinha santa.

Já lá em Israel, o programa consiste basicamente em: Estágio na área (área de formação/que escolher), aulas de judaísmo (bem básicas, mas sensacionais) e passeios. Eu particularmente, acabei optando por fazer meu estágio em uma StartUp de drones. Trabalhei com programação de sistemas embarcados, desenvolvendo uma estação de pouso e carregamento da bateria dos drones.

Agora, após o estágio, cheguei a receber proposta oficial da empresa para trabalhar com eles, hoje estamos em processo de conversa de valores.
Mas de qualquer forma, ao voltar para o Brasil após o programa, muitas portas já se abriram, todos sabem que uma experiência internacional, ainda mais em Israel, conta muito para o currículo.

O que eu posso falar sobre a estadia na Shaarei, é que é um ambiente muito acolhedor, muito organizado e limpo. As pessoas que moram, estudam e vivem por lá, estão sempre de bem com a vida e tratam os outros/visitantes muito bem. Cada quarto era dividido entre 3 pessoas, então era bem tranquilo de se organizar e descansar.

Na Shaarei tivemos diversas aulas e palestras envolvendo o judaísmo, posso afirmar que deu para aprender bastante, com aulas dinâmicas e bastante divertidas (aulas regadas a muitas risadas, cerveja e comida – além de aprendizados)

Uma vez por semana tínhamos passeios com o grupo. Passeios incríveis! Difícil falar qual foi o mais legal, mas me foi muito marcante a visita à Intel, ao kotel e ao museu dos cegos.

Concluindo: considero que não é todo mundo que tem a chance de participar de um programa tão incrível como esse. Eu se fosse você, não perderia essa baita oportunidade de fazer um intercâmbio, estagiar na área e ainda por cima aprender mais sobre o judaísmo ficando na Shaarei!